sexta-feira, 3 de abril de 2009

Uma vez me perguntaram o que eu achava da saudade. Eu sabia, eu sempre soube o que era a saudade. Mas aquela saudade que confortava. Assim: semana que vem eu já vou tê-lo junto aos meus braços, só cinco dias, ou só vinte. Mas sabia quando certinho. E eu julgava que sabia o que era esse sentimento todo vazio de pessoa e todo cheio de dor. Hoje vejo que o que eu sentia era outra coisa, era uma vontade louca de que chegasse o fim de semana, uma dorzinha leve que iria embora breve, breve. Hoje eu sei o que é saudade realmente. É a falta sem notícias, a falta que parece permanente, a falta que não cura. É a melancolia causada pela lembrança, a tristeza que se sente pela ausência. Às vezes é estar perto, é ver a pessoa sempre, mas sem ao menos saber como vai, sem ao menos poder ser o que era antes. É disfarçar que está tudo bem e sentir falta da rotina monótona que era motivo de reclamações diárias. Isso tudo parece fácil quando não se sente. Só mais uma dor. Mas dói, dói, dói. Saudade é uma dor constante. Do latim, solitas. Angústia, nostalgia, um nó. Escrevo essa besteirinha acompanhada de uma chuva de lágrimas, tudo isso por essa palavrinha de difícil tradução. Saudade, saudade, saudade. Quanto mais se vive, mais se sente. Mais pessoas, mais despedidas. Saudade, saudade. Arranha o coração, arranca a serenidade e cisma em ficar coladinha. Saudade, saudade. Vê se me deixa de lado e fica ausente eternamente.