Estava assistindo à um filme, e me deparei com a história de uma garota que conseguiu o papel principal da peça de fim de ano da escola. Com muito entusiasmo e satisfação ela foi ao primeiro ensaio, mas logo no primeiro ensaio ela desistiu da peça. O papel principal da peça mais importante do ano - algo muito concorrido e desejado por todos - e ela simplesmente não queria mais. O motivo? O garoto que fazia o par com ela não era bom. Exatamente, ela desistiu do melhor papel porque no dia da apresentação a peça não seria boa, e ela não queria participar de algo que não fosse bom. E tudo isso por causa de seu par.
E inconsequentemente comecei a pensar nas coisas da vida, e consegui achar uma tremenda intertextualidade entre esse texto e essas coisas. Não só comigo. Parando pra analisar, quem nunca quis – ou ainda quer – a pessoa perfeita pra se casar? Ou ter aquele romance igual aos dos filmes? Principalmente aqueles instantes após um romance, ou até mesmo após uma comédia romântica, quando o casal fica junto no fim e você acha que a vida é linda e perfeita daquele jeito também. É natural desejarmos algo que seja o melhor para cada um, que queiramos o papel principal da peça mais importante do ano, e ao seu lado, esteja o melhor ator, que transformaria nessa a melhor peça da história. É natural nos imaginarmos com a pessoa ideal, caminhando pela areia, brincando de jogar água um no outro, ou senão um fim de tarde, tomando sorvete na praça, e você com o paletó dele. É tão lindo e perfeito, mas não é real. A vida pode ser linda sim, mas perfeita, isso ela nunca será. Então é hora de sermos céticos quanto algumas coisas. Acredite que o amor é bom, e não perfeito. Não destrua a sua peça por causa de um par mal escolhido, adapte-o à sua concepção de bom, e ignore alguns erros. Porque nós não vemos as coisas como elas realmente são, vemos as coisas exatamente como somos. E com certeza fazendo isso, você não terá uma vida mais bela, mas com certeza você terá uma vida muito mais sadia.
R.